Vanguarda tecnológica permite a gestão do estoque de autopeças e dos racks em tempo real, com praticamente 100% de acuracidade. Projeto aprimorou a realização do inventário e zerou a defasagem entre os dados de estoque registrados no sistema ERP e a quantidade efetiva de peças no armazém.
Outros benefícios obtidos com a implantação do projeto de IoT incluem: sistemas de alertas, transferências automáticas de estoque, geração de relatório de estoque, controle de movimentações em tempo real, rastreabilidade de movimentações, acessibilidade dos dados via multiplataformas, entre outros.
A Internet das Coisas (IoT, da sigla em inglês) chegou de vez para agregar mais inteligência, eficiência, controle em tempo real do estoque e incrementar a gestão logística e a produção no setor automotivo. Estes são os resultados do projeto pioneiro, que uniu as empresas Sawluz Informática e Taggen Soluções IoT, e foi implantado na fábrica da Faurecia PCMA (FMM), localizada no parque de fornecedores da Fiat Chrysler Automobiles (FCA Group), em Goiana (PE), na planta Jeep Nordeste. PUBLICIDADE
A base do projeto é formada por beacons (pequenos dispositivos de identificação e localização em tempo real), que enviam sinais via bluetooth para gateways que se comunicam com a plataforma de serviços Link IOT, todos da Taggen, suportados pelo software na nuvem SW Stock, módulo do novo SawluzNet, um sistema focado em internet das coisas. Todas as soluções Taggen e Sawluz, criadas de acordo com as melhores práticas de desenvolvimento de softwares para a nuvem, podem rodar nos ambientes Microsoft Azure e AWS – Amazon Web Service.
Automação industrial — Em uma primeira etapa, os TaggenBeacons foram instalados em cerca de 400 racks, nos quais são colocadas as peças, tais como painéis frontais de instrumentos, painéis de porta, aerofólios e para-choques, que circulam entre a linha de produção da FMM, o estoque de segurança e o transporte para planta de montagem dos carros.
O primeiro e único momento de atividade manual deste processo ocorre quando o operador usa o smartphone com um aplicativo, disponível tanto para Android ou iOS, para associar as peças ao respectivo rack de transporte e armazenamento. Depois disso, todo o processo é totalmente automatizado, sem nenhuma outra interação humana, uso de leitores ou preenchimento de planilhas – quem olha de fora, não tem ideia de que o controle de estoque ocorre automaticamente, enquanto os racks são levados pelas empilhadeiras.
Assim, a FMM tem um sistema extremamente versátil de automação, pois os gestores sabem exatamente onde está o rack e quais as peças que estão nele, podendo gerar uma ampla gama de dashboards, relatórios com KPIs (Key Performance Indicators) e fazer controle e rastreabilidades das movimentações em tempo real com recebimento de avisos no caso de erros da movimentação dos racks, se eles ultrapassarem a “cerca eletrônica” do monitoramento realizado a partir do sinal emitido pelos beacons, que é recebido pelos gateways Taggen. Além disso, o sistema faz a emissão de alertas de safety stock por meio da parametrização das quantidades mínima e máxima definidas para cada tipo de peça no estoque.
Com 100% de confiabilidade — Wagner Oliveira, South America Regional CIO da FMM, esclarece que as peças do estoque de segurança são críticas para que a empresa garanta o abastecimento para a FCA Group – Jeep Nordeste, no caso de qualquer problema na linha de produção. “Implementamos, junto com a Taggen e a Sawluz, um controle automático e instantâneo por meio de tecnologia IoT e rodando na nuvem, reduzindo a intervenção manual dos nossos operadores e aumentando a eficiência no processo. Precisamos ter uma acuracidade entre a informação apresentada em nosso ERP com o que existe fisicamente na fábrica de 100%. Atingimos um nível de excelência, após pouco mais de três meses do novo sistema de IoT em funcionamento na planta de Goiana”, ressaltou o executivo.
A avaliação positiva é compartilhada por Watila Castro, Plant Manager FMM, ao informar que a implantação do projeto IoT, em conjunto com IT interno e as empresas Sawluz e Taggen, vai ao encontro de uma necessidade da planta em obter velocidade e acuracidade em tempo real dos níveis de safety stock, permitindo uma melhor visibilidade dos riscos perante ao cliente, bem como a definição de estratégias de recomposição do estoque. “Além disto, o projeto nos permite ter um controle do FIFO (First In First Out ) e também o controle do tempo de renovação/giro de estoque, que atualmente é parametrizado para cada três meses”, completa.
Tulio Polonio, gerente de Transformação Digital da Sawluz, informa que o módulo SW Stock, do novo SawluzNet, foi desenvolvido para atender as demandas da Transformação Digital e da Indústria 4.0, que exigem mais agilidade no ambiente fabril e sincronização com as demais áreas administrativas. “Foi um projeto desafiante e de muito aprendizado, pois ouvimos as necessidades da FMM, que já era nosso cliente em outros serviços, para implementar a parceria com a Taggen, que entrou com os beacons, os gateways e a plataforma de serviços na nuvem Link IoT, rodando em Azure, que se comunica com o SW Stock, rodando na nuvem AWS. Nos aprofundamos no entendimento do fluxo de informações, das diretrizes de segurança e de gestão de dados do cliente. Contamos com um suporte excepcional do time local da FMM”, relata.
Projeto já em fase de ampliação — Em função do sucesso alcançado no monitoramento dos racks e das peças, a FMM já começou a segunda etapa de instalação do sistema, que deverá chegar a 2000 racks, centenas de tipos de itens que circulam na fábrica e milhares de part numbers. Estudos estão em andamento para agregar inteligência artificial e reconhecimento visual ao projeto, novas tecnologias que integram o conceito avançado da Indústria 4.0
Wagner Oliveira, South America Regional CIO da FMM, explica que o foco principal do projeto na FMM foi o de aprimorar as informações sobre o inventário de todas as peças do estoque de segurança a fim de garantir a confiabilidade nos dados e aumentar o controle sobre os racks, importantes ativos da planta. “O pessoal de chão-de-fábrica já está identificando outras oportunidades de utilização da tecnologia e sugerindo automação de novos processos”, destaca.
“Existem outras necessidades da planta para automatização de processos via IOT. Neste momento, estamos em processo de implementação em 100% dos itens do safety stock e, em paralelo, estamos estudando a extensão deste projeto para controlar as empilhadeiras e derivados na fábrica, com a finalidade de otimizar e adaptar o fluxo de movimentação. Afirmo que é possível fazer uma melhor gestão da fábrica com o auxílio da tecnologia”, relata Watila Castro, Plant Manager FMM.
“O projeto tem sido um sucesso e estamos avaliando também a utilização de outros modelos TaggenBeacons, como os beacons com sensores de temperatura e luminosidade, e os beacons-crachás, que são utilizados para análise da movimentação e performance dos colaboradores”, esclarece Sergio Passaretti, gerente comercial da Taggen. O TaggenBeacon é fabricado no Brasil e apresenta tecnologia 100% nacional. O modelo selecionado vem equipado com bateria de longa duração, cuja vida útil varia de acordo com a configuração de broadcast da rede.
Werter Padilha, CEO da Taggen e da Sawluz, integrante da nova Câmara da Indústria 4.0 do MCTIC e do Ministério da Economia e participante do conselho que atuou no desenvolvimento do Plano Nacional de IoT, destaca que “a internet das coisas reúne diferentes tecnologias e aplicações, sendo estratégica nos negócios da economia digital, em busca de mais produtividade, redução de perdas e ganhos de eficiência, entre outros benefícios. O projeto da FMM apresenta resultados fantásticos e com ROI (retorno sobre o investimento) comprovado pelo próprio cliente e acima das expectativas. Iniciativas como esta são fundamentais para mostrar o retorno de IoT na prática”.
Transformação digital na indústria automotiva — A implantação deste sistema de IoT para a Indústria 4.0 está sintonizada com as metas gerais do Grupo Faurecia, que tem um projeto global de Transformação Digital para todas as fábricas, P&D e escritórios da empresa pelo mundo, buscando a transformação digital não só no ambiente de chão de fábrica, mas em toda a empresa, incluindo as áreas administrativas e de produtos.
No Brasil, pesquisa realizada pelo Instituto CESAR, divulgada em agosto de 2019, aponta que cerca de dois terços das empresas do setor automotivo (65,70%) acreditam que estão longe ou, pior, muito longe da Transformação Digital. Apenas 37,36% das empresas estão fazendo alguma coisa para lidar com essa situação. A maioria ainda não iniciou as ações ou ainda está se preparando – uma parte das empresas, inclusive, acredita ou que Transformação Digital não seja uma prioridade ou que ela não impactará o seu negócio. A pesquisa do CESAR, centro de inovação, educação e empreendedorismo foi realizada em parceria com a Revista Automotive Business entre os meses de abril e junho de 2019 e abrangeu 138 empresas do setor automotivo de todo o país.
Fonte: Portal Fator Brasil